Friday, June 30, 2006

Prelúdio:
Bem amigos da rede globo, chegamos ao final desta espetacular série (ei, o que vc vai fazer com esse tomate?). E parafraseando o título eu reafirmo: sim, este é de longe o poema mais chutado de todos. Foi escrito num busão da passaro marrom. Talvez por isso tenha saido tão vagabundo. Ou não. O caso é que este é o soneto de fechamento da série, o soneto que descreve o querido estojão preto onde eu guardava todos os outros queridos componentes que me ajudaram nesta dispendiooooosa jornada do tédio (se tempo é dinheiro... enteram? Hã, hã?.... desculpe, é que eu acabo de assistir Bob Esponja). Aniway, o soneto saiu tão estranho que ficou parecendo uma música (talvez por ser uma quase redondilha...bah!). Bom, chega de bolodório, com vocês o último soneto, o incrívelmente magnânimo e sabe-se-lá-mais-o-que, ooooooooooooooooooooooooooo:

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Cântico de exaltação ao estojo

Ó carcaça enegrecida

Cujo bojo é tão quadrado

Com tua rede bem tecida

E beiral plastificado


Fazes bela a minha vida

Pois carregas bem guardado

A caneta colorida

E o meu lápis bem usado


Duas canetas, uma cola

As borrachas carambola

A tesoura e o estilete


Mais negão que coca-cola

Este estojo é pra escola

O que a vaca é para o leite


Monday, June 19, 2006

agora é só esculhambação

Prelúdio:

E é mesmo. Todos os poemas bonitinhos já foram. Agora meu filho, só sobraram os podreiras mesmo. Mas nem por isso eu renego estes filhos verminosos meus. Este é o penúltimo soneto da série e foi feito para um lápis velho do CNA (roubado de lá também, é claro) que eu gostava muito porque consegui, num dia de muito tédio e longas aulas de história da arte, talhar com o estilete o meu nome neste neste fiel objeto amadeirado. Foi com ele que escrevi a maioria dos meus sonetos. Mas a gente não cria os filhos pra gente, mas pro mundo. Então, à exemplo das canetas do soneto passado, este lápis botou as asinhas fibrosas de fora e bateu asas da Grande Mãe Preta, o estojo, que é descrito no último soneto da série. Por hora fiquemos com o meu saudoso lápis roubado, talhado e perdido, e com os meus erros crassos gramaticais e de concordância, que eu "sem-vergonhamente" cubro com o já desbotado manto da "licença poética", o grande véu salvador dos ignorantes, dos desatentos e dos preguiçosos.

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Ao meu finado pau
Ao meu finado pau
Com recheio de grafite
Eu dedico este soneto
(Onde foi que tu caíste?)

No teu corpo longo e duro
Já vai longe a juventude
Era pau pra toda obra
Era pau só de virtude

Mas sumiste (e afinal)
Foi teu ar tão jovial
Que inspirou estes pagãos

Grande dúvida abissal
Onde foi parar meu pau
Deve andar em outras mãos...
O O

Monday, June 05, 2006

ciganas

prelúdio:

Isso mesmo. Essa é a tradução do título deste soneto. Uma das coisas que eu mais gosto nele é a idéia do verso transcender o próprio verso. É como se a frase fosse grande demais pra caber num verso, então ela continua em outra. Outra sarda nessa ruivinha linda é sua aliteração. Lembra das figuras fonéticas, lá da oitava série? Tipo "rato roeu a roupa do rei de roma" ou "sabia que o sabiá sabia que você saiba assobiar"? Então! Esse soneto foi feito para todas as ciganas vermelhas, pretas e azuis que passaram pelo meu querido estojo.

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Gipsy

Quem sou? Quem são?
São tão dispersas nesta pensão
Algumas ficam e outras não
São amistosas então se vão

Se vão pra onde, na imensidão?
Sibilam preces na escuridão?
Sem fim começo (começarão
A ser só sombras), e sobrarão?

Se sobressaem na sucessão
Desenfreada da obrigação
E somem secas nesta sucinta

Página branca, neste borrão
E vão-se embora sem meu perdão
No que deixaram- rastros de tinta